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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

MEUS VELHOS CEARENSES

vô chico

a meus avós

a Patativa do Assaré

AN 1

Olhos opacos,
fundos - viu
tempos imemoriais.

AN 2

Chapéu num aceno
burra faceira
meu avô se indo.

AN 3

Debaixo da catarata
olho de minha avó
a descompreender o mundo.

AN 4

Alpargatas gastas
muitos chãos
poeira dos anos.

AN 5

Rosário na janela
a torre da matriz
minha avó rezava.

AN 6

Padim Ciço,
novenas, rezas,
ai…ai…juazeiro.

AN 7

Passo ligeiro, sino,
rosário na mão e missa,
- Te benze, menino.

AN 8

Ladainha, procissões,
madrugada adentro -
mistérios dolorosos.

AN 9

Anáguas de minha avó,
alvas, presas a cerca
sabão de barra, águas do rio.

AN 10

Garrafadas, raizadas,
Chico da Mata já na burra
- Tome sete dias, de jejum.

AN 11

Tapioca no caco,
cheiro de coco e café de bule,
mãos prendadas, minha avó.

AN 12

Rezas pras almas sofridas
esfaqueadas na encruzilhada
minha avó era piedosa.

Campo Grande-MS, 08.01.08 (11:20 h)



Postado e escrito por Thelmo Mattos.

POETHANATOS 2

POETHANATOS 2

Nas paredes escuras

da gramática,

respingos de versos,

estilhaços de estrofes

por toda a página,

soluços de um soneto

cuja métrica alexandrina

caída ao lado,

ainda gotejava tercetos

enquanto um forte cheiro

de pólvora e sangue

exalava da caneta de aço

na mão inerte do poeta.




Campo Grande-MS, 02.02.2008 (01:42h)


Postado e escrito por Thelmo Mattos.